Deus tem vontade, tem volição. Então estamos diante de um ser pessoal, com desejos e sentimentos próprios. Uma lógica bíblica e teológica: o universo é regido e sustentado por uma volitividade divina e soberana.
O texto acima, pertence a oração do “pai nosso”, revela a importância da presença do reino de Deus entre os seres criados, tanto na terra como no céu. Expondo que a vontade de Deus é que suas criaturas o obedeçam. Ainda que a nossa natureza se nega obedecer ao pai celestial, fazer a vontade dEle nos alinha em direção a bênção, ou, negligencia-la, nos conduz para longe do seu reino. A obediência à vontade do “Pai” celestial nos encaminha para o centro de sua complexa existência. O rebelde conhece a Deus de ouvir falar, mas aquele que busca agradar o pai celestial tem a honra de poder andar ao seu lado, consequentemente, tendo um conhecimento mais real e profundo.
Quais são as vontades da divindade? O que ou quem nutri às vontades dEle? A vontade de Deus pode ser a nossa vontade também?
Na verdade, estamos nos relacionando com um ser, que tem a exata dimensão do passado, presente e futuro, logo, não necessita procurar o caminho mais curto, ou encurtar o tempo, ou se prender a “jeitinhos” para as coisas se encaixarem. Seu caráter é íntegro e inviolável. Ele sempre escolherá o que tem que ser, o que deve ser! Seu exemplo deveria nortear nossas vidas, já que declaramos sermos seguidores de sua vontade. Poiso difícil não é saber a vontade de Deus, mas sim negar a nossa pra cumprir a dEle! E Lembre-se, quem ama está sempre disposto a fazer às vontades do ser amado.
A vontade de Deus sugere uma parte de um plano maior, incompreensível para nós, porém perfeitamente equacionado por Ele. E esse plano em atividade e desenvolvimento ninguém pode se opor ou manipula-lo. Ou nós aceitamos para o nosso próprio bem, ou colheremos as consequências da tão conhecida rebeldia. Um rei que estabelece o seu reinado firmado em um sonho, não tem como dar certo, mas um governante que busca estabelecer a sua vontade junto aos seus súditos, não tem como ser detido!
Não estamos falando de uma vontade egoística de um ser narcisista, mas de um querer salvífico, que entende que, os homens ao seu lado, estão mais realizados e com completude na alma. Nossas vontades por mais sinceras e verdadeiras são sempre transitórias e passageiras, mas a vontade de Deus dá sentido e significado para o nosso viver, mesmo que nunca alcancemos as nossas vontades enquanto aqui vivermos. Devemos entender que fazer a vontade de Deus é fazer o que Deus quer e querer o que Deus faz.
Deus persegue a sua vontade...
· como a criança que deseja o leite materno,
· como um andarilho que busca desesperadamente por uma sombra refrescante sob uma árvore frondosa,
· como o perdido que deseja se encontrar,
· como as ondas que se quebram nas areias da praia.
Assim é o Eterno com sua vontade. E por quê? Porque ela é a extensão do seu amor, justiça e santidade. A volição divina é o próprio Deus criando e governando o universo. Ir contra a sua vontade é se opor a nossa própria existência e contribuir para implantação do caos entre nós. A volição divina representa o equilíbrio e a preservação de todos nós! Não é uma questão de religiosidade, mas de sobrevivência! O ínfimo fio da existência humana perpassa a complexa volição do criador.
Mas precisamos entender que a volitividade divina é dEle, não nossa. Somos nós que mergulhamos em Sua vontade, mesmo sem compreende-la totalmente. Mesmo assim, Ele sempre nos convidará a participar de sua volição, mas isso não nos garante a paz ou a felicidade plena, apenas sermos coadjuvantes em um plano maior, fora da nossa compreensão ou entendimento. Nos tornamos coparticipantes deste intento divino de forma linear, vertical e eternal.
Essa vontade não é negociável, fracionada ou postergada porque não há erros ou defeitos, pois Deus não planeja atropeladamente. Os desejos de Deus não negam a sua santidade, por isso tudo está sendo executado dentro do esperado. Essa volição revela uma mente que sabe o que faz, o que quer, e o destino de todos. A vontade do Eterno é vida.
Ainda, a vontade de Deus não nos pertence, não está condicionada a nossa vontade ou aceitação. Nós buscamos as coisas perecíveis, Deus está atento a tudo que é eterno. Por isso Nossa cosmovisão não tem condições de compreender ou dimensionar para onde Deus está nos conduzindo. O único meio que teríamos para compreender os propósitos do soberano seria ele compartilhar conosco os seus mistérios, mas não faz!
· A chegada do Reino de Deus é um mergulho no oceano da sua vontade.
· A vontade de Deus reserva planos para os seres humanos e seres celestiais.
· A vontade de Deus descortina a nossa total incapacidade de governar a própria vida.
· A vontade de Deus revela-nos um ser que não é pego de surpresa, nem é surpreendido pelo acaso.
O homem sábio se submete a vontade do Eterno para não se decepcionar com os seus próprios desejos. Desobedecê-la, desalinha o nosso mundo interior e consequentemente o nosso relacionamento com o ser divino e com o próximo. Por isso o texto bíblico nos adverte: “obedecer é melhor que sacrificar”, ou seja, nenhum culto, devoção ou religiosidade se compara com a importância de uma vida pautada na vontade do Eterno. Se não buscarmos a regência da volição de Deus, então podemos deixar de praticar todas as demais coisas, pois elas não atraem a presença de Deus. O “pai divino”, só é nosso, se a Sua vontade reverberar em nossos corações, caso contrário, somos órfãos a procura de uma paternidade.
Prefira sempre a vontade do céu do que os sonhos da terra, pois…
· A volitividade divina nos traz discernimento e direção segura.
· A volitividade do céu nos enche de gozo e saciabilidade.
· A volitividade de Deus nos capacita e fortalece para enfrentarmos os grandes combates da vida.
· A volitividade divina nos faz ativos e presentes, dando total significado a nossa existência.
A palavra grega "θέλημα" (thelēma), traduzida como "vontade" em Mateus 6:10, refere-se ao desejo ou propósito de alguém. No contexto filosófico, "volição" é usada para se referir à capacidade de fazer escolhas ou tomar decisões de forma autônoma. Nesse contexto específico, "faça-se a tua vontade", significa permitir que o propósito e a vontade de Deus sejam plenamente realizados na Terra. A vontade do Eterno é que a sua vontade seja a nossa vontade também. Aqui há um desejo de se alinhar, harmonizar e equilibrar as vontades entre o céu e a Terra. É como um veredito que busca a paz entre as partes. Também revela a triste condição da terra em caminhar sozinha, ela só está potencializada quando aceita se submeter a vontade que reina no céu, e esse pedido deve ser feito em oração. Isso me informa que a vontade de Deus é algo pessoal que cada um dos homens deve buscar. Um tecido que vai se formando e se espalhando na medida que cada criatura reconhece a necessidade de ser conduzida pela vontade soberana de Deus. Um reino que vai se formando por homens e mulheres que tem a volição divina presente e atuante nos corações: se oram, oram segundo a vontade de Deus; se negociam, negociam conforme as condições impostas pela vontade divina; se sonham, sonham na viabilidade oferecida pela vontade de Deus. Sabemos que,
· Quando a vontade do rei é a vontade do povo, esse reino é imparável.
· Quando um reino se estabelece a partir da vontade, e não das conquistas, esse rei reina soberanamente.
· Quando o povo se submete a vontade divina, o reino floresce sob a soberania do Rei eterno!
Venha o teu reino Senhor, mas antes estabeleça a tua vontade em nossos corações. Mesmo que doa, faça a tua vontade e não a nossa!